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25 de Abril de 2024

Clínicas dificultam atendimento para planos de saúde e dão preferência para cliente particular.

Clinicas só têm horários disponíveis se for pagamento em dinheiro, desqualificando quem paga plano de saúde.

há 9 anos

A gazeta fez o teste: ligou para cinco clínicas da Capital simulando a procura de vaga para a realização de sessões de fisioterapia. Veja o resultado

Ana Lima, cliente de plano de saúde com várias reclamações “Qual é seu plano de saúde?” A pergunta, aparentemente despretensiosa, tem sido usada como tática por atendentes de algumas clínicas e consultórios de diversas especialidades médicas que passaram a selecionar pacientes que terão preferência no atendimento.

Quando o interessado responde que é conveniado de determinados planos de saúde, costuma ter o atendimento dificultado ou mesmo recusado por clínicas que justificam não ter horário disponível para os próximos dias ou semanas.

Quando as mesmas clínicas são procuradas por clientes que pagam em dinheiro, na forma particular, ou que afirmam possuir um plano considerado melhor em termos de remuneração para os médicos, a resposta costuma ser outra. Nesse caso, há horários disponíveis.

Constatação

Uma moradora de Jardim Camburi, em Vitória, passou por essa situação. E o problema foi constatado por A GAZETA, que fez o teste: ligou para cinco clínicas da Capital simulando a procura de vaga para a realização de sessões de fisioterapia, assim como a paciente de Jardim Camburi.

Depois do repórter simular que era cliente Unimed, a primeira clínica respondeu: “No momento eu não tenho horário. Estamos com fila de espera e não temos nem previsão”, disse a atendente do estabelecimento, localizado em Jardim Camburi.

Passadas duas horas, a mesma clínica foi novamente procurada, desta vez por um repórter que disse que iria pagar em dinheiro. A resposta foi outra: “Temos cinco horários disponíveis, e você pode começar amanhã mesmo”, afirmou a mesma atendente.

Essa mesma situação foi constatada em ligações feitas para outras três clínicas da Capital. Quando o repórter dizia ter plano de saúde, o funcionário do estabelecimento afirmava que não havia vaga ou que só tinha horário disponível a partir do próximo mês.

Quando outro repórter ligava, se identificando como cliente particular ou usuário de seguro saúde, o mesmo atendente dizia que havia alguns horários disponíveis.

Exceção

Apenas uma das cinco clínicas contactadas não fez questão de saber a qual convênio o suposto cliente pertencia, informando que tinha horário disponível para os próximos dias.

A comerciante Ana Lima paga mais de R$ 900,00 de mensalidade por um plano de saúde e, apesar do custo, também está passando pelo drama de não conseguir atendimento.

Ela havia feito o mesmo teste realizado por A GAZETA e está indignada. Ana possui um encaminhamento médico para começar as sessões de fisioterapia, mas não encontra clínica que a atenda. “É um descaso. Eles omitem a existência de vagas para passar para pessoas de outros planos e para quem é particular. Um absurdo”, desabafa.

A Unimed Vitória informou que está apurando o caso e reforça que essa prática está em desacordo com a premissa da cooperativa de oferecer aos seus clientes um atendimento de qualidade em sua ampla rede credenciada.

A cooperativa esclarece, ainda, que disponibiliza o canal 0800 026 0080 para receber as manifestações dos seus clientes.

As conversas

Diálogo 1

-Repórter: Alô!

-Atendente: Pode falar...

-Repórter:Preciso marcar sessões de fisioterapia.

-Atendente: Qual é o plano?

-Repórter: Unimed

-Atendente: No momento eu não tenho horário. Estamos com fila de espera e não temos nem previsão.

Horas depois, o repórter liga, para a mesma clínica, querendo o atendimento particular

-Repórter: Alô, estou precisando marcar sessões de fisioterapia. Foi indicação do médico.

-Atendente: Qual é o plano?

-Repórter: É particular, em dinheiro mesmo

-Atendente: “Temos cinco horários disponíveis - três pela manhã e dois à tarde - e você pode começar amanhã mesmo”

-Repórter: O que tenho que fazer?

-Atendente: É só vir aqui e começar o tratamento.

Diálogo 2

-Repórter: Sou cliente Unimed e queria marcar com o dermatologista.

-Atendente: Temos vaga para daqui uma semana.

Horas depois...

-Repórter: Queria marcar com o dermatologista.

-Atendente: Qual é o plano?

-Repórter: Não tenho. É particular.

-Atendente: Pode ser para amanhã?

-Repórter: Pode.

Priorizar pacientes particulares viola direitos do consumidor

Dificultar o atendimento médico a usuários de planos de saúde e priorizar pacientes particulares viola direitos do consumidor. O Procon Estadual orienta o usuário a denunciar quem age dessa forma. Para o órgão, casos assim refletem a relação conflituosa entre médicos e operadoras de planos de saúde.

“Não existe possibilidade legal dentro de um contrato de plano de saúde para clínicas criarem obstáculos ao usuário de determinado plano. Não pode haver discriminação e a clínica não pode se negar a atender ao paciente do plano ao qual é credenciada”, garante o diretor jurídico do Procon Estadual, Igor Britto.

Ele ressalta que o contrato garante ao consumidor o acesso às especialidades médicas nos locais divulgados pela operadora, bem como aos prazos máximos de consulta. Em caso de não cumprimento, ele deve denunciar à operadora, à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e se não for solucionado, ao Procon.

“Isso é reflexo da relação difícil entre operadoras, médicos, clínicas e cooperativas. Mas o consumidor não deve ser prejudicado”, ressalta Britto.

Reclamações

Baixa remuneração, sobrecarga e péssimas condições de trabalho, que são as reclamações mais comuns de médicos associados a planos de saúde, não justificam deixar de atender aos pacientes, de acordo com o Sindicato dos Médicos do Espírito Santos (Simes).

E segundo Telvio Valim, advogado do Simes, esse tipo de ocorrência é uma estratégia para filtrar os atendimentos e fugir de determinados planos.

“É totalmente ilegal e fere a ética médica. Se o médico não quer atender por qualquer insatisfação, seja pessoa jurídica ou física, deve pedir o descredenciamento, deve pedir para sair”, defende.

Ele ressalta que a classe médica precisa de mais valorização profissional, mas que a busca por direitos deve acontecer de acordo com a lei.

Em nota, a ANS esclareceu que o consumidor de plano de saúde deve ter acesso a todos os serviços por ele contratado. Em caso de não cumprimento, deve denunciar à agência.

E foram justamente as denúncias de usuários que já resultaram na suspensão de 1.017 planos de 142 operadoras, desde 2012.

Seus direitos

Garantias

O contrato: Garante acesso às especialidades médicas nos locais divulgados, bem como aos prazos máximos para cada tipo

Denúncias

À operadora: Devem ser feitas imediatamente

À ANS: Pelo site www.ans.gov.br ou pelo Disk ANS 0800 701 9656

Ao Procon: Pelo atendimento eletrônico no site www.procon.es.gov.br

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2015/01/noticias/cidades/3887378-clinicas-dificultam-atendim...

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7 Comentários

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É uma realidade onde não deveria ocorrer..hoje médicos de clínica não receberam mês de janeiro .vai falta médico de qualidade.. continuar lendo

Como também, às clínicas e hospitais, inventaram uma nova modalidade de atendimento, referente ao plano Unimed. A consulta "cortesia" em locais e especialidades que requer ou não de cirurgia. Mesmo que no site da empresa apresente atendimento pelo referido plano. Tem sido recorrente este tipo de situação em Salvador-Ba. continuar lendo

Está acontecendo na cidade Gravatá Pe
Acontece comigo continuar lendo

e como fica a suspenção do atendimento medico por atraso de pagamento do plano de saúde as clinicas, hospitais e médicos e os serviços são disponilizados em outros cidade distante. continuar lendo